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22 março 2011

Estigmatização do uso/usuário de álcool

O consumo do álcool é um problema mundial.  Em todo o mundo tem sido realizadas pesquisas com o objetivo de intervenção em saúde dos problemas provenientes desse consumo exarcebado do álcool. Trago abaixo uma pesquisa realizada em conjunto pelas Universidades - de Juiz de Fora e, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. No final da postagem você encontrará o artigo na integra.

Estigma - um sinal ou uma marca que designa o portador como "deteriorado" e, portanto, menos valorizado do que as pessoas "normais”.
Estigma social como uma marca física ou social de conotação negativa ou que leva o portador dessa "marca" a ser marginalizado ou excluído de algumas situações sociais.
O estigma também está relacionado ao preconceito, e a pessoa estigmatizada é quase sempre alvo de preconceito. Preconceito é amplamente definido como uma atitude negativa, relativamente inflexível, que predispõe a pessoa que apresenta o preconceito a determinados comportamentos ou profecias autorrealizadoras. Embora o estigma esteja amplamente relacionado com o preconceito, o primeiro conceito apresenta abrangência e amplitude conceituais maiores. O uso de álcool e outras drogas é uma das condições que mais apresentam uma conotação moralizante do mundo, sendo considerado principalmente um problema individual, em que o diagnóstico e o tratamento muitas vezes exacerbam os aspectos morais do uso.

O surgimento e manutenção do estigma
O processo de estigmatização possui um substrato sociocultural e é parte de atitudes a respeito do objeto estigmatizado. Por sua vez, as atitudes são formadas por uma organização duradoura de crenças e cognições, afetos positivos ou negativos diante de uma situação social.  As crenças atuam entre a percepção de um determinado objeto (grupo) e a representação do objeto em si, havendo uma situação social que influencia o significado e a reação a respeito dessa percepção, levando o indivíduo a ter uma tendência classificatória ou de rotulação sobre outras pessoas. O mecanismo de generalização, presente no processo de estigmatização e estereotipização, leva a reações automáticas, por questões de economia psíquica, quando a mera presença de uma característica facilmente discernível seria suficiente para desencadear um processo automático de estereotipia.  Na sociedade moderna, um dos principais meios de formação, manutenção e mudança de crenças e atitudes é a opinião pública. A imprensa, portanto, veio caracterizar-se definitivamente como principal agente da opinião, tendo seu alcance e seu poder de influência aumentados.

Outros conceitos relacionados ao estigma são o de marginalidade e desvio. O primeiro estaria relacionado ao pertencimento a um grupo social estatisticamente incomum sobre certo atributo. Já o desvio seria entendido como um comportamento ou condição que envolve um indesejável desvio da normalidade em relação a um padrão específico. Uma pessoa estigmatizada pode ser percebida como desviante ou marginalizada ante uma situação específica.

O estigma, associado ao "alcoólatra" ou "dependente de drogas", tem levado os sujeitos, a sociedade e até mesmo os profissionais de saúde a resistirem em aceitar ou utilizar o diagnóstico de forma inadequada. Numa sociedade em que o alcoolismo ou uso de drogas apresenta uma forte conotação moralizante, o estigma social se torna um grande problema para o usuário.
No saúde, a conotação moral envolvida em alguns processos de diagnóstico se torna um início do processo de estigmatização de algumas condições. O julgamento moral envolve a concepção de algo como "problema" indesejável de se lidar, sendo considerado negativo. Nesse processo, tanto o problema em si quanto o portador desse problema são generalizados como um problema indesejável, influenciando diretamente no planejamento, no acesso e na responsabilidade sobre o tratamento por parte do profissional de saúde. Uma das estratégias para a abordagem é o foco na mudança de posturas que levam à estigmatização do uso de álcool como forma de prevenir os danos associados no sentido de melhorar a eficácia e o acesso ao tratamento. Para tanto, é importante considerar que as políticas assistenciais e a formação dos profissionais de saúde devem enfocar a mudança de atitudes negativas no sentido de evitar a estigmatização e a diminuição da consequente injustiça social que os portadores de sofrimento mental sofrem. Os aspectos socioculturais envolvidos no uso de álcool e outras drogas são fundamentais para o entendimento de como os usuários são cuidados/excluídos pelos profissionais

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